O Perigo Mortal dos Cigarros Eletrônicos - VAPs

Sarah tem asma e os médicos afirmam que o consumo de vape foi um dos fatores que contribuíram para a deterioração da sua saúde © MARY GRIFFIN

Uma jovem britânica de 12 anos sofreu um colapso pulmonar e passou quatro dias em coma induzido. Ela declarou à BBC que as crianças nunca deveriam fumar vape.

Sarah Griffin sofre de asma e fumava vape com muita frequência, até que foi levada ao hospital um mês atrás, com problemas respiratórios. Sua mãe, Mary, disse à BBC que teve medo de perder sua filha.

O governo britânico anunciou planos para restringir a promoção e venda de vapes para crianças. As propostas ficarão abertas para consulta pública nacional pelas próximas oito semanas.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que essas propostas irão "reverter o preocupante aumento do uso de vape entre os jovens", tornando os vaporizadores menos coloridos e menos atraentes para as crianças.

O ministro de Saúde do Reino Unido, Steve Barclay, declarou que o governo se compromete a tomar ações imediatas para a criação de leis após a consulta pública. Ele disse ao programa Today, da BBC Rádio 4, que "os diretores de escolas estão preocupados e os pais estão preocupados" com o marketing das companhias produtoras de vapes voltado para jovens.

Na recente conferência do Partido Trabalhista britânico (de oposição), o ministro paralelo da Saúde, Wes Streeting, afirmou que um eventual governo trabalhista "iria para cima" das companhias produtoras de vape que oferecessem às crianças aromas como "explosão de arco-íris".

A proposta do Governo Britânico

O governo do Reino Unido anunciou uma consulta nacional sobre suas propostas para combater o fumo de vape pelos jovens. Elas incluem:

  • restrição dos aromas e descrições dos vapes para que eles não sejam mais dirigidos às crianças

  • manter os vapes fora da vista das crianças nas lojas

  • regulamentar as embalagens de vaporizadores para que elas não sejam dirigidas às crianças

  • verificar se o aumento do preço dos vapes pode reduzir a quantidade de jovens usuários

  • considerar restrições à venda de vapes descartáveis, que, segundo os ministros, estão claramente ligados ao aumento do consumo por crianças e são imensamente prejudiciais ao meio ambiente.

Sarah Woolnough, da organização Asthma + Lung UK, afirma que gostaria de ver restrições ao marketing de vapes para que eles não sejam dirigidos às crianças.

Para ela, "os vapes descartáveis com seus baixos preços atuais, desenhos e opções de aroma de goma de mascar, são atraentes demais e de fácil acesso para as crianças".

O médico-chefe do Departamento de Saúde da Inglaterra, Chris Whitty, afirma que a venda de vapes ou cigarros eletrônicos para crianças é "absolutamente inaceitável".

Mas, segundo ele, o vape pode ser útil para que os fumantes abandonem o tabaco, por ser "menos perigoso que fumar".

12 Anos e em Coma

O quarto de Sarah Griffin na sua casa em Belfast, na Irlanda do Norte, é igual ao da maioria das meninas de 12 anos – uma penteadeira repleta de maquiagem, frascos de perfume e alisadores de cabelos, além de bonecos infantis sobre a cama

Mas era ali que ela também costumava esconder os vaporizadores da sua mãe. Ela chegava a fazer buracos no tapete para evitar que eles fossem encontrados.

Sarah começou a fumar vape quando tinha apenas nove anos de idade.

Sua mãe tentou impedi-la. Ela a revistava quando chegava em casa e confiscava seu telefone celular. Mas nada adiantou.

No último verão britânico, Sarah consumia um vaporizador de 4 mil tragadas em poucos dias. Os vaporizadores padrão contêm 600 tragadas.

Mary confiscou o telefone celular de sua filha Sarah, que escondia os vapes da mãe © BBC

Fumar vape era a primeira coisa que ela fazia ao acordar e a última antes de dormir. Ela adormecia com o vaporizador sobre o travesseiro.

No Reino Unido, é ilegal vender vapes para menores de 18 anos. Mas Sarah conseguia comprar vaporizadores nas lojas e ficou dependente da nicotina.

A asma de Sarah e o uso errado do seu inalador aumentaram o risco de complicações.

No início de setembro, ela teve um resfriado. Combinado com o vape, ele formou o que a médica de Sarah descreve como "tempestade perfeita".

"Muitos fatores de risco progrediram na direção errada", afirma Dara O'Donoghue, pediatra especializada em doenças respiratórias do Hospital Real Pediátrico de Belfast.

Sarah passou mal e foi levada ao hospital. Um raio X mostrou que apenas um dos seus pulmões estava funcionando corretamente – e ela não reagia ao tratamento.

Em poucas horas, ela entrou em terapia intensiva. E, pouco depois, foi colocada em coma induzido, na esperança de que sua condição se estabilizasse.

Para Mary, a mãe de Sarah, o momento foi de desespero. "Não há nenhuma palavra que descreva o momento em que você pensa que sua filha vai morrer", ela conta.

Sarah quer alertar outras crianças da sua idade sobre os riscos do consumo de vapes © BBC


Depois de quatro dias, Sarah foi gradualmente reanimada. Agora, ela está se recuperando, mas seus pulmões ficaram com lesões permanentes.


"Ela faz exercícios pulmonares. Isso é algo que você esperaria de uma pessoa com 80 anos, não de alguém com 12", conta sua mãe.


"Abram os olhos porque isso está acontecendo em toda parte, talvez também com seu filho", adverte Mary. "Não importa o que você pense, as pessoas gostam de pensar que seus filhos não estão fazendo essas coisas, mas a realidade é muito, muito diferente."


Sarah espera que sua experiência ajude outros jovens da sua idade a acordar para os riscos representados pelo vape.


"Não comece a fumar porque, depois que você começa, não consegue parar", aconselha ela. "Basicamente, você só para quando é obrigado, quando a situação é de vida ou morte."


Sarah e sua mãe, Mary, contaram sua traumática experiência à BBC © MARY GRIFFIN

O'Donoghue afirma que o fumo de vape pelos jovens é uma "situação de emergência" que precisa ser combatida "com urgência".


Para a médica, "precisamos nos conscientizar sobre os vapes porque os problemas de saúde associados a eles estão apenas começando a aparecer".


Números recentes indicam que uma em cada cinco crianças entre 11 e 17 anos de idade no Reino Unido já experimentaram o vape. Este número aumentou em três vezes, em comparação com 2020.


O fumo de vape entre crianças mais jovens também está aumentando – cerca de uma em cada 10 crianças entre 11 e 15 anos de idade, segundo uma pesquisa de 2021. E muitos países em todo o mundo estão observando tendências similares.


Fidelma Carter, da organização Northern Ireland Chest, Heart and Stroke, afirma que 17% dos jovens fumantes de vape consomem o produto regularmente.


"Os jovens estão fumando vape porque acham que não há riscos, que não há perigo", explica ela. "E nós queremos desmentir as ideias erradas e aumentar a consciência de que o fumo de vape pode prejudicar a saúde e o bem-estar das pessoas."

Fonte: MSN

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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - Completo e Atualizado


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Outubro Rosa 2023

A campanha do Outubro Rosa 2023 tem como objetivo divulgar informações sobre o câncer de mama e fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença.


O movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, Outubro Rosa, foi criado no início da década de 1990, quando o símbolo da prevenção ao câncer de mama — o laço cor-de-rosa — foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA) e, desde então, promovida anualmente.

O período é celebrado no Brasil e no exterior com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama, a fim de contribuir para a redução da incidência e da mortalidade pela doença.

O objetivo do Outubro Rosa 2023 é divulgar informações sobre o câncer de mama e fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença.

O Câncer de mama

O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres. As taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do planeta, com as maiores taxas nos países desenvolvidos.

Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.

O câncer de mama também ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil, com taxa de mortalidade ajustada por idade, pela população mundial, para 2021, de 11,71/100 mil (18.139 óbitos). As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Fatores de risco

Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficente e exposição à radiação ionizante.

 Os principais fatores são:

Comportamentais/Ambientais

  • Obesidade e sobrepeso, após a menopausa
  • Atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana)
  • Consumo de bebida alcoólica
  • Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X, tomografia computadorizada, mamografia etc.)
  • História de tratamento prévio com radioterapia no tórax

Aspectos da vida reprodutiva/hormonais

  • Primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos
  • Não ter filhos
  • Primeira gravidez após os 30 anos
  • Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos
  • Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona)
  • Ter feito terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona), principalmente por mais de cinco anos

Hereditários/Genéticos

  • Histórico familiar de câncer de ovário; de câncer de mama em mulheres, principalmente antes dos 50 anos; e caso de câncer de mama em homem
  • Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.

A mulher que possui esses fatores genéticos tem risco elevado para câncer de mama.

MATERIAIS DE INFORMAÇÃO



Fonte: INCA


Aspectos Psicológicos do Câncer de Mama

O câncer de mama

Câncer é uma doença de etiologia multifatorial, caracterizada por anormalidades genético-celulares, considerada um conjunto de mais de cem doenças, que tem como característica o crescimento e multiplicação desordenada de células que invadem tecidos e órgãos.

O câncer de mama é considerado mundialmente o mais comum dentre os cânceres femininos. No Brasil, está associado a uma alta taxa de mortalidade, embora que se diagnosticado e tratado precocemente, poderá receber um favorável prognóstico.

É uma doença que engloba consequências físicas e psíquicas, representadas por mutilações e prejuízos graves em relação à autoestima, à autoimagem e à sexualidade. Até o início do século XX, o diagnóstico de câncer era considerado sentença de morte.

Atualmente, o panorama da doença oncológica tem sofrido mudanças significativas devido aos avanços da medicina no desenvolvimento das cirurgias, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e outras possibilidades de tratamento, além das contribuições da psiquiatria e da psicologia. O câncer de mama acomete um importante órgão do corpo feminino, pois a mama é considerada símbolo da sexualidade e da maternidade, associada ao prazer e à vida e tida como um objeto central de desejo e satisfação.

Adquirir uma doença nesse órgão interfere no processo de simbolização da mulher enquanto ser feminino. 

O papel da Psicologia no contexto oncológico

O profissional de psicologia que atua na área da oncologia tem como objetivo auxiliar o paciente na prevenção e redução dos sintomas emocionais e físicos causados pela doença e na compreensão do significado da experiência do adoecer ao possibilitar a ressignificação de todo o processo envolvido.

Penna define a finalidade do trabalho psicológico:

“melhorar, modificar e atenuar aquilo que é disfuncional e que cause sofrimento ao paciente, que o impeça de utilizar formas adaptativas para lidar com a patologia orgânica, visando uma melhora na qualidade de vida do indivíduo na vigência de uma doença”.

O grupo terapêutico, apontado pela literatura especializada na prática da psicologia oncológica, é uma intervenção considerada eficaz, devido proporcionar benefícios como o compartilhar informações, a universalidade de conflitos, o altruísmo, o comportamento identificativo, a aprendizagem interpessoal, a coesão grupal e a catarse. 

Diagnóstico e enfrentamento do câncer de mama

Ao receber o diagnóstico de um câncer de mama, a mulher estará diante de inúmeras informações novas que geram dúvidas e sentimentos variados. A resposta emocional de cada mulher dependerá das habilidades de enfrentamento, disponibilidade emocional, suporte financeiro e parâmetro médico.

Geralmente, as primeiras reações são de choque e de revolta, acompanhadas dos sentimentos de medo e raiva. Grande parte das mulheres relata, inicialmente, um estado de paralisia e desespero, acompanhados do desejo de ter sido vítima de um diagnóstico equivocado, atitude esperada na fase da negação, que poderá resultar numa incansável peregrinação a variados médicos.

A negação é considerada um mecanismo de defesa transitório e permite atenuar o choque do diagnóstico temido. Aderir ao tratamento o quanto antes é fundamental e, muitas vezes, decisivo para um bom prognóstico. Procurar médicos e equipes que atendam às necessidades da paciente e da família, principalmente na realização de um trabalho humanizado, não caracteriza negação da doença.

Sentimentos como ansiedade, raiva, tristeza, insegurança, desespero, culpa e solidão serão frequentes durante o tratamento, alternados com os sentimentos de, entre outros, otimismo, esperança, ânimo e entusiasmo. Aceitá-los e aprender a lidar com eles na busca de recursos emocionais para o enfrentamento da doença e do tratamento, possibilita administrar melhor a situação, fortalecer o sistema imunológico e produz resultados positivos.

O diagnóstico existe e, por mais dolorosa que seja a realidade, é preciso escolher enfrentá-la. Será uma travessia turbulenta, permeada por inúmeros medos, entre eles o medo da morte, do abandono, da recidiva e de não conseguir enfrentar o tratamento. Inúmeros sentimentos estarão indo e vindo; o ser humano é constituído por esse “exército” de sentimentos para enfrentar as batalhas da vida, comemorar e desfrutar das vitórias, bem como sobreviver às derrotas e seguir em frente. 

O medo da morte

O medo da morte acompanha a humanidade e ignorá-lo ou evitá-lo é esperado, devido à dificuldade do inconsciente em conceber o fim da vida. Atualmente, observa-se na sociedade a tentativa por dominar a morte já que não se pode negá-la.

São inúmeras as razões envolvidas em fugir do inevitável. Nota-se o morrer associado à tristeza e à solidão, consequentemente um assunto temido e negado socialmente. Enfrentar a morte com serenidade requer pensá-la em vida, lutar pela humanização nas relações interpessoais e sociais; repensar conduta, postura e valores; organizar e planejar os objetivos individuais e contar com a morte como uma possibilidade natural.

Várias mulheres retomam suas vidas e relatam rever seus valores, atribuindo novas perspectivas de vida após enfrentarem um câncer.

O medo de abandono e as crises nos relacionamentos conjugais estão relacionados às consequências físicas e psíquicas representadas por mutilações e prejuízos graves em relação à autoestima, à autoimagem e à sexualidade da mulher.

A preocupação com o tratamento e com alguns efeitos colaterais como a queda do cabelo, a diminuição da lubrificação vaginal e do desejo sexual geram insegurança e alteram a rotina do casal. Conversar e encontrar, juntos, alternativas para enfrentarem a situação poderá aliviar e eliminar o peso dos medos sentidos por ambos. Na vida a dois sempre existirão obstáculos; escolher reconhecê-los e buscar alternativas para superá-los fortalece o relacionamento.

O medo da recidiva, ou seja, da doença reaparecer, pode preocupar a mulher, logo após o diagnóstico e, posteriormente ao tratamento, durante os exames anuais de controle. Ao aguardar os resultados dos exames sobre o tipo de câncer, tratamentos e a possibilidade de metástases (demais órgãos afetados) inúmeras dúvidas e preocupações estarão presentes. 

Enfrentar a doença

Enfrentar a doença exige lidar com uma etapa de cada vez. Uma boa alternativa é manter a calma e concentrar energia na capacidade de superação e fortalecimento do sistema imunológico com otimismo e determinação. Durante o período de controle, após o tratamento, um bom recurso é cuidar da saúde com atitudes preventivas e amar a vida intensamente e, quando o medo aparecer, refletir sobre o presente e sobre o estado de saúde atual.

O medo de sentir dor e dos efeitos colaterais está associado ao desconhecido e às inúmeras informações, muitas vezes inadequadas, às quais o indivíduo é exposto pelos meios de comunicação e por relatos de pessoas sobre experiências vividas.

O organismo de cada ser humano reage de forma diferente às mesmas exposições; várias técnicas utilizadas na medicina e na psicologia amenizam a dor e tornam os efeitos colaterais suportáveis. Os avanços científicos têm proporcionado resultados promissores com tratamentos eficazes e cada vez menos agressivos, com efeitos colaterais menos intensos.

Ajudar a si mesma requer aprender a encarar os medos; a viver as relações de modo autêntico; a compreender, respeitar e expressar as emoções íntimas; a permitir ser cuidada; a praticar exercícios de respiração, relaxamento, mindfulness, yoga, meditação, tai chi chuan; a ter alimentação saudável e a praticar atividade física, considerando as prescrições médicas durante o tratamento. São inúmeros os recursos disponíveis e conhecê-los fornecerá informações para realizar escolhas que se adaptem ao perfil e à necessidade individual. 

Respeitar as emoções

Respeitar as emoções e procurar formas de enfrentá-las inclui conversar e dividir aflições e angústias com familiares, amigos, profissionais, pastores, párocos e demais pessoas da rede social. Comunicar e solicitar o respeito aos desejos, tais como não receber visitas ou não falar sobre o assunto, permite um ambiente agradável, evita constrangimentos e prevalece a sensação de bem-estar e acolhimento.

A mulher desempenha papéis sociais: filha, irmã, profissional, esposa, mãe e costuma cuidar dos que a cercam e nutri-los. Ser cuidada pelo outro exige permissão e abertura para receber o amor, a dedicação, o carinho, a gentileza e aceitar a vulnerabilidade como uma condição humana. Receber ajuda não é sinônimo de fraqueza.

Atitudes e pensamentos otimistas, bem como o desejo de viver, fortalecem o sistema imunológico ao estimular as defesas naturais do organismo a trabalharem de forma mais eficiente. Em contrapartida, ter pensamentos negativos e encarar uma suposta derrota, sem ao menos tentar lutar, geram os sentimentos de impotência, tristeza e solidão que podem ocasionar queda na capacidade vital de reações orgânicas fortalecedoras.

Praticar o autocontrole das emoções, acalmar-se e acionar a capacidade de seguir em frente exigem treino. A respiração proporciona equilíbrio interno; sua prática de forma lenta e profunda auxilia na percepção do funcionamento físico e psíquico do corpo. Sentar-se em uma poltrona confortável, fechar os olhos, inspirar o ar pelo nariz e exalar pela boca três vezes, imaginar um lugar agradável, de preferência na natureza, com riqueza de detalhes, e associar esse lugar a uma palavra como paz ou tranquilidade é um excelente recurso para potencializar o bem-estar, amenizar a dor, organizar as emoções, dissipar os medos, a angústia e a ansiedade, e reduzir o impacto do estresse. 

Ativar recursos internos também é possível ao respirar

Ativar recursos internos também é possível ao respirar; fechar os olhos e relembrar eventos do passado, quando superou e venceu obstáculos, para acionar no presente crenças positivas: “sou capaz”, “posso enfrentar isso”, “consigo lidar com isso”. Vale ressaltar que é fundamental, para a realização desse exercício mental, acionar apenas as lembranças de cenas que gerem sentimentos e sensações positivas.

Demais alternativas envolvem participar de grupos de apoio, associações e organizações de mulheres que já tiveram câncer de mama. Receber ajuda e constatar não ser a única a enfrentar a doença torna a travessia mais leve. Realizar um trabalho voluntário, como parte integrante da equipe nessas instituições, alimenta a esperança e a gratidão pela vida.
A fé é um valioso recurso; a sensação da presença divina poderá despertar no indivíduo força, esperança, superação, capacidade de desenvolver o autocontrole, de ampliar a conexão com a energia disponível no universo e dar sentido à vida. 

Ler e assistir

Ler e assistir a filmes sobre o câncer poderá contribuir com informações esclarecedoras, identificação de sentimentos, situações e relatos que trarão esperança, alívio e compreensão.
Enfrentar a doença não deve se tornar o único objetivo na vida da mulher e de seus familiares.

O câncer de mama é uma circunstância a ser atravessada; é preciso retomar aos poucos a rotina e continuar a investir nos projetos e sonhos considerados vitais para a humanidade. Procurar opções interessantes para se distrair, tais como dançar, ler, ouvir música, conviver com amigos e familiares, passear, viajar, descobrir novos prazeres e se permitir vivenciá-los. O câncer pode ser encarado como uma oportunidade de voltar-se para si e aprender a escutar o pedido da alma, as aspirações mais secretas, ao repensar as escolhas e decisões na descoberta dessa nova vida.

O tratamento do câncer requer equipe especializada de profissionais da área da saúde, entre eles médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, dentistas e fisioterapeutas. A psicologia contribui na área da psico-oncologia, com estudos científicos na prevenção, no tratamento e na reabilitação da doença; oferece suporte psicossocial e psicoterápico ao paciente e à família, desde o impacto do diagnóstico, no auxílio aos recursos para o enfrentamento do câncer e na obtenção da qualidade de vida durante e após tratamento.

Procurar por profissionais especializados contribui para o processo de controle e possível cura do câncer. 

Projeto Fortalecer – Bauru/SP

O Projeto Fortalecer é gratuito, destinado à população de mulheres em diferentes fases do diagnóstico, do tratamento e pós-tratamento do câncer de mama. As atividades desenvolvidas, eram presenciais, quinzenalmente, na Sede do Grupo Amigas do Peito de Bauru.

Devido à COVID-19, recentemente, foi adotada a modalidade on-line dando a continuidade aos encontros grupais, com a finalidade de possibilitar um espaço de escuta empática, compartilhamento e promover um trabalho fortalecedor dos recursos de enfrentamento.

O referencial teórico que fundamenta a atuação é o Psicodrama de Jacob Levy Moreno, especificamente o Sociodrama e demais estudos na área de processos grupais. Os recursos utilizados são considerados com base no trabalho colaborativo para promover a superação e a resiliência.

 Fonte: VETOR

Referências

Brasil, Ministério da Saúde, & Instituto Nacional de Câncer (2011). ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer (128 p. 2011). Rio de Janeiro, RJ: Inca. Recuperado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/abc_do_cancer_2ed.pdf
Costa Júnior, A. L. (2001). O desenvolvimento da Psico-oncologia: implicações para a pesquisa e intervenção profissional em saúde. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, 21(2), 36-43.
Kübler-Ross, E. (1994). Sobre a Morte e o Morrer: o que os Doentes Terminais Têm para Ensinar a Médicos, Enfermeiras, Religiosos e aos seus Próprios Parentes (Paulo Menezes, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes.
Menezes, N. N. T., Schulz, V. L., & peres, R. S. Impacto psicológico do diagnóstico do câncer de mama: um estudo a partir dos relatos de pacientes em um grupo de apoio. Estudos psicologia. Natal, 1.

Moreno, J. L. (2017). Psicodrama (Vol. 19). São Paulo, SP: Ed.Cultrix.
Neuber, L. M. B. (2010). Sociodrama e prevenção do câncer de mama em mulheres com conflitos conjugais e familiares (Tese de Doutorado). UNESP: Botucatu, SP.
Osório, L. C. (2003). Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma nova era. Porto Alegre, RS: Artmed.
Penna, T. (1997). Psicoterapia no hospital geral. Saúde mental no hospital geral. Cad IPUB.
Straub, R. O. (2013). Psicologia da saúde: uma abordagem biopsicossocial. Porto Alegre, RS: Artmed.
Zimerman, D. E. (1999). Fundamentos básicos das grupoterapias (1ª ed.). Porto Alegre, RS: Artmed.
Zimerman, D. E. et al. (2006). Como trabalhamos com grupos (2ª ed.). Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

Profa. Dra Luciana Maria Biem Neuber

Psicóloga graduada pela Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP (1998), especialista em Psicologia Clínica pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais – USP/Bauru-SP, especialista em Terapia de Casais e Famílias pela F&Z Assessoria e Desenvolvimento em Educação e Saúde, São Paulo-SP.

Mestre e doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP/Botucatu-SP. Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute, EMDRIA e EMDR Ibero-América e psicóloga clínica de referencial teórico Psicodramático Sistêmico.

Atua como psicóloga voluntária no Grupo Amigas do Peito de Bauru/SP e como docente no curso de Psicologia na Faculdades Integradas de Bauru – FIB.

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