Um dos poucos estudos sobre a presença do crack em Santa Catarina revelou que, entre as capitais do Sul do país, Florianópolis é a que registra o maior índice de consumo pesado da droga por estudantes da rede pública de ensino. O uso da pedra na Capital catarinense aparece em quantidade superior ao de outras drogas como a maconha, a campeã em consumo por estudantes entrevistados em Porto Alegre e Curitiba.
Os dados constam em uma pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) realizada em 2004 entre estudantes de escolas municipais e estaduais das 27 capitais brasileiras. O Cebrid funciona junto à Universidade Federal de São Paulo (Unifespe).
Financiado pela Secretaria Nacional Antidrogas, o estudo ouviu 1.316 estudantes em Florianópolis. Consultados sobre as drogas proibidas, 1,1% revelou que faz uso pesado – uso diário nos últimos 30 dias – do crack. A maconha apareceu em segundo lugar com 0,4% da preferência.
Em Curitiba e Porto Alegre, a maconha ainda é a droga mais utilizada de forma pesada. O crack apareceu na Capital paranaense como a segundo droga mais consumida e na Capital gaúcha como a terceira.
Levantamento foi entregue às secretarias de Saúde e de Educação:
A pesquisa reforça a preocupação sobre a presença do crack na Capital catarinense. Mostra também que o problema do vício destruidor não é de hoje e se prolifera há pelo menos cinco anos.
O médico especialista em dependência química e da coordenadoria de Prevenção ao Uso de Drogas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tadeu Lemos, coordenou a pesquisa na época. Ele assegura que os dados foram entregues às secretarias da Saúde e da Educação, mas não tem conhecimento do que foi feito para conter o crack na cidade.
– Desde aquela época o uso do crack chamava a nossa atenção como algo anunciado. O que foi feito na comunidade escolar até hoje? Precisou-se tornar uma epidemia – critica o médico, que integra o Departamento de Farmacologia da UFSC.
O secretário de Educação da Capital, Rodolfo Pinto da Luz, disse não ter conhecimento detalhado sobre a pesquisa, mas acredita que os alunos com problemas com a droga não sejam da rede municipal porque a faixa etária vai até os 14 anos.
– O trabalho para evitar o uso das drogas deve começar em casa, afinal um professor nem sempre consegue dar conta de 20, 30 alunos – observa o secretário, citando os programas Cultura de Pais, Escola Aberta, Bombeiro Mirim e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) como alguns dos que estão em atividade na rede municipal de ensino e que abordam a questão da prevenção às drogas junto aos estudantes.
O secretário de Estado da Educação, Paulo Bauer, disse, através da assessoria de imprensa, que desde a data da pesquisa trabalha o assunto drogas em sala de aula com temas transversais, que também englobam violência, inclusão e exclusão. Bauer citou ainda a atuação do Proerd e do Núcleo de Prevenção e Educação (Nepre) como projetos da secretaria de combate ao consumo de drogas entre os estudantes.
Onde encontrar apoio:
AJUDA A VÍTIMAS E FAMILIARES
Viva Voz:
Serviço nacional de orientações e informações sobre a prevenção do uso indevido de drogas.
Entre em contato pelo número 0800-5100015
Grupos de Mútua Ajuda:
Nar-Anon/Narateen
Grupos de familiares de dependentes químicos (Nar-Anon) e adolescentes que tiveram a vida afetada pela dependência química de um membro da família. A sigla Nar-Anon refere-se a Narcóticos Anônimos. Há grupos em diferentes municípios de Santa Catarina. Informações podem ser obtidas pelo site www.naranon.org.br
Amor Exigente
Associação para informações e orientação que encaminha familiares a grupos de mútua ajuda. Informações pelo site www.amorexigente.org.br
DENÚNCIA
Em caso de denúncia, 181. Informações de interesse da segurança pública, como atuação de quadrilhas e gangues, abusos contra crianças, mulheres e idosos, autoria de crimes, pontos de tráfico de drogas e outros
MAIS INFORMAÇÕES
Saiba Mais: Estatísticas
O site:www.cracknempensar.com.br indica locais e telefones para interessados em obter ajuda ou fazer denúncias.
Saiba mais sobre o crack e seus efeitos no organismo
(Fonte: Jornal DC)
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