Comunicado do NEPRE da SED


Nepre Central

Curtas

Para começar a semana...

Violência (na escola?)
Problematizando...
Violência é um fenômeno multifacetado, que eclode como a erupção de um vulcão que já está em atividade, mas a gente só percebe a coisa crítica quando a lava, a fumaça, e o tremor de terra nos obriga a parar tudo a fim de encarar o problema de frente. Trata-se de um fenômeno que pode, e surge, em qualquer espaço de convivência. Isto é, onde há pessoas. Sim, porque violência é um fenômeno multifacetado. Portanto, envolve contexto e interpretação. Há violências que se constituem para alguns e não para outros. Assim como há violências que são consideradas universais, dentro da sociedade humana, pois violam as regras gerais de democracia, convivência pacífica e civilidade. A palavra violência pode ser compreendida melhor pelos verbos violar, forçar, impor, invadir. Violação de direitos, forçar situações, obrigar os indivíduos a alguma coisa. Medir sua intensidade requer contexto, porque uma violência dita ?menos pesada? para uns, pode ser ?barra-pesada? para outros. O impacto de uma agressão, na vida do indivíduo, é que vai determinar a gravidade da violência.
Os animais não se envolvem em coisas assim, do tipo ativado por questões subjetivas e simbólicas. Os animais reagem para se defender, ou para comer, basicamente. Então, não dá para dizer que um leão cometeu uma violência ao comer um cervo. Ele matou e o comeu. Precisava fazê-lo.  Fim de papo. Mas quanto ao ser humano, que construiu uma civilização com regras e organização, mesmo que frágeis, mesmo que/e apesar de que os caminhos que escolhe sejam influenciados... Neste caso, pode-se dizer que ele tem opções. Gerar danos a outrem configura-se num ato de violência.
Por tudo isso, talvez seja temerário apoiar-se tão completamente em classificações, como violência na escola, violência no futebol, na internet, na família, contra a mulher. Claro que é importantíssimo fazer distinções, especialmente para delinear campos de estudo, ou entender como a violência ganha contornos para cada uma dessas ?dimensões?, por assim dizer; porém, esses contornos já são a exteriorização de eventos em cascata que, se formos verificar a fundo, constituem-se sintomas de aspectos da vida em sociedade ? tanto na esfera individual, quanto coletiva. Torna-se quase um reducionismo, uma didática tecnicista, tentar classificar a violência para, só então, buscar soluções preventivas.
Afirmar que a violência na escola aumentou, também pode ser uma forma superficial de encarar o problema. É como observar a ponta do iceberg  ao invés de encarar o problema como ele é: multifacetado, social, educacional, e global.  Afirmar que a violência em geral aumentou, pode ser uma visão um pouco mais acurada. Agora, afirmar que o aumento da violência está relacionado, em grande parte, à impunidade ? daí, sim, estamos caminhando para uma discussão bastante interessante.
Há quem diga que todos nós temos um lado sombrio. Nos dias de hoje, os cientistas tentam detectar esse ?lado?, encontrar um elo evolutivo ? bio/psico/social -  para descobrir como, onde e porque fazemos o que fazemos. A única certeza, é que esse ?lado? existe. Eclode por razões diversas (ou por  razões difíceis de serem compreendidas num único ângulo).
Antes dos cientistas atuais assumirem que esse ?lado? existe, Nietzsche e Freud, em suas maneiras de pensar, influenciadas por suas respectivas correntes, já tentavam definir conceitos. Nietzsche, com sua ?ala? versus ?ideal acético?. Freud, com suas ?pulsões? versus ?superego?. Eles estavam no caminho que, hoje, até geneticistas reconhecem, ao observarem o comportamento de primatas; e os cientistas sociais, ao observarem o comportamento humano.
Há uma infinidade de pesquisas sobre isso, basta surfar no Google.
A agressividade é algo instintivo. Uma herança de nossos ancestrais. Uma ferramenta decisiva e útil, nos tempos em que o ser humano primitivo tinha que disputar alimentos escassos, para sobreviver. Ele não podia se acanhar enquanto outros, como ele, devoravam a comida. Ele tinha que ir até lá, impor-se, e derrubar o oponente, se preciso fosse.
Como tantas outras ferramentas instintivas, a agressividade era ativada pelo ambiente, fazendo o ser humano reagir a este. No homem moderno, contudo, passa por um crivo interno. Nossa mente decodifica e interpreta a ameaça, algumas vezes, de maneira errada ou equivocada. Vivemos num mundo cuja comunicação é bombardeada por símbolos e significados mutantes, fazendo com que as entrelinhas passem a valer mais do que a palavra concreta e instituída.
Interpretamos as interpretações das interpretações. E no final, nem sabemos mais a que estamos reagindo. Malhamos o Judas ? coitado do Judas ? que paga o pato sem saber o motivo.
Medo, raiva, e nojo são padrões instintivos que herdamos, mas com a evolução da sociedade, é a organização racional que faz a diferença entre o ser controlado pelos instintos e o ser assertivo, que sabe distinguir os elementos ao seu redor, colocando as entrelinhas na perspectiva certa.
A educação como instrumento amplo, realizada em todas as instâncias e relações sociais, é responsável em grande parte pela maneira como o ser humano lida com o ambiente. 
DICAS PARA COMBATER/PREVENIR A VIOLÊNCIA: Estabelecer regras claras e iguais para todos ? isso desestimula rancores e retaliações. As regras devem ser lembradas pela escola o tempo todo, assim a própria comunidade escolar acaba assimilando e trabalhando para mantê-las. Promover a comunicação clara, sem margens para entrelinhas e duplas interpretações. Favorecer espaços e tempos para a conversa ente os pares, o diálogo entre os polos opostos de uma disputa ? concordantes ou discordantes ? em todas as atividades da escola. Deixar o aluno construir e manter seu espaço dentro da escola ? fazendo desta um pedacinho seu. O aluno cuida mais daquilo que ele próprio ajudou a crior. O mais importante, porém, é que ele tem a necessidade de imprimir sua personalidade nos espaços em que convive.  Assim, torna-se estratégico detectar suas habilidades, motivações, e interesses, e utilizá-los a favor do aprendizado.
Alguns sites para se informar e pesquisar (concorde, discorde, ou apenas se aprimore com o auxílio dos autores):


Caso tenha dúvidas sobre o tema, ou queria socializar experiências neste espaço ? casos, reflexões, etc, envie para: nepresedsc@gmail.com oumichelleaprende@sed.sc.gov.br
Uma boa semana!  
Michelle Domit 
Psicóloga; e Consultora Educacional
GEREJ/+Edc/SED

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