EFEITOS DO TABAGISMO NAS MULHERES




CÂNCER NAS MULHERES

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru/SP
Data: 11/12/06




Doença avança 3 vezes mais rápido entre o sexo feminino, resultado de um processo em que 90% dos casos o vilão é o cigarro.

O câncer de pulmão é um dos que mais crescem em São Paulo, sendo o terceiro em incidência em ambos os sexos. Atualmente, acomete três vezes mais mulheres do que homens. Houve uma evolução de 42% entre o sexo feminino e de 13% entre o sexo masculino, segundo dados registrados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que comparou números registrados em 2000 e em 2005.

Segundo o responsável técnico pela unidade de quimioterapia do Hospital Manoel de Abreu, Paulo Eduardo de Souza, Bauru segue a tendência estadual. “No decorrer dos anos, os médicos têm notado aumento acentuado no número de tumores de pulmão. Comparando-se esse aumento com outros tipos de tumores, ele chega a ser um campeão em disseminação”, revela o oncologista.

O mesmo fato também pode ser constatado em Jaú, onde está situado o Hospital Amaral Carvalho, que atende pacientes de todo o Estado. De acordo com o registro de base populacional do Inca, que relativiza o total de habitantes e o número de novos casos na cidade, o crescimento do câncer de pulmão entre as mulheres da cidade foi 22% maior em relação aos homens. Como conseqüência, a mortalidade entre o sexo feminino por tumores de pulmão também teve um salto de 2000 para 2005. Em Jaú, o número de mulheres mortas em decorrência da doença foi 57% maior em relação aos homens, durante o período determinado na pesquisa do Inca. A história pode explicar o motivo da alta na incidência de mulheres com tumores de pulmão. “O cigarro é o primeiro fator cancerígeno. A partir da década de 1970, começou uma revolução que equiparou mulheres e homens, tanto comportamental quanto socialmente. A indústria tabagista passou a investir na mulher como consumidor em potencial, e as conseqüências aparecem hoje”, afirma o diretor de ensino e pesquisa do Hospital Amaral Carvalho, José Getúlio Martins Segalla.

A tendência é que a incidência de câncer de pulmão nas mulheres continue aumentando ano a ano. “O cigarro produz o tumor somente depois de 20 ou 30 anos. Nós estamos em 2006, e desde 1970, o consumo de tabaco entre as mulheres cresceu muito, enquanto o do homem já estava estabilizado. Por isso, durante alguns anos ainda, a doença continuará crescendo entre o sexo feminino, até que o número se iguale ao dos homens”, explica. Os médicos são enfáticos em apontar o tabagismo como fator primordial para o desenvolvimento da doença. Tanto para o oncologista do Manoel de Abreu quanto para o diretor de ensino e pesquisa do Amaral Carvalho, 90% dos casos diagnosticados são motivados exclusivamente pelo hábito de fumar.

Jovem preocupa

Para o oncologista do Hospital Manoel de Abreu, Paulo Eduardo de Souza, a população de fumantes não pára de diminuir, e o que é pior, o vício se inicia cada vez mais cedo. “Existe, com certeza, uma crise do sistema educacional e, a reboque, da família também. O jovem tem dificuldade em discernir valores para estabelecer critérios, ficando mais suscetível aos vícios”, afirma o médico. Ele acredita que uma grande parcela de culpa é da conjuntura nacional. “Quando um país não oferece um futuro para as pessoas a partir do seu próprio esforço, hoje regra para o mundo ocidental desenvolvido, existe uma deturpação de ideais, e quem mais sofre com isso é aquele que está passando por um período de descobertas e crise, que é o adolescente”, completa.

Fumante passivo

Segundo Souza, há dados evidentes de que o fumante passivo também é muito prejudicado. “Crianças que têm pais tabagistas, acusam presença de derivados de tabaco na urina. Sabidamente, filhos de fumantes desenvolvem mais bronquite e infecções das vias superiores. Logicamente, esse hábito dos pais influencia negativamente o futuro da criança”, revela. Existem pessoas que são propensas a desenvolver o câncer. “É uma doença da divisão celular, definida pela integridade do código genético de cada pessoa (DNA). Existem pessoas que têm deficiência em reparar esse DNA do pulmão. Com isso, o cigarro afeta de forma mais contundente as células da mucosa brônquia”, explica. O cigarro provoca também câncer de boca, da garganta, do esôfago e até da bexiga. Ainda não existe remédio para tratar esse mal. Mas quando o diagnóstico é feito precocemente, existe grande possibilidade de cura.

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